domingo, 30 de outubro de 2011

AO VIVO

CULTOS AO VIVO (Domingos: 9h30 e 18h00)
Clique aqui e assista!

CULTOS GRAVADOS http://bambuser.com/channel/IPA

FAÇA O DOWNLOAD DA FICHA DE MEMBRO CLICANDO AQUI
Preencha e envie por e-mail para: ipdaalianca@gmail.com

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Salmo 1

Pr. Paulo Brasil

A ênfase da vida neste milênio e nessa época de pós-modernidade em que vivemos é o homem em busca de sua felicidade. A grande ênfase é: se você é feliz, independente do que faz, isto é o que importa. Se você pratica algum ato contra a Lei de Deus, independente se é a favor ou contra esta Lei, o crivo da verdade é se você é feliz. A conclusão é: se for feliz, logo estarei no caminho certo, porque o que importa é a felicidade.

Obviamente não encontramos nas Sagradas Escrituras nenhuma afirmação que diga que Deus nos chamou para sermos felizes. Mas a felicidade está ligada diretamente à obra do Espírito Santo em nos conduzir à submissão da vontade de Deus. A verdadeira felicidade é exatamente submeter-se à vontade do Senhor; é negar-se a si mesmo; é tomar a cruz e seguir a Cristo; é não fazer aquilo que nos agrada, mas aquilo que agrada a Deus; no padrão bíblico, a verdadeira felicidade é a santidade, porque encontramos na Bíblia a afirmação de que Deus “...nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele” (Efésios 1:4). Fomos eleitos para sermos santos. Deus disse: “Sede santos como eu sou santo”. A santidade é exatamente o sinônimo da felicidade na perspectiva bíblica. A santidade é a anulação da minha própria vontade e a assimilação da vontade divina. É não satisfazer os meus desejos pecaminosos, carnais, mas satisfazer a vontade de Deus.

É interessante notarmos que este salmo começa falando da felicidade em uma perspectiva negativa: “Bem aventurado o homem...”. A felicidade aqui está restrita (no primeiro momento do salmo) a uma realidade negativa. Isto é, “feliz (bem aventurado) é o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores” (v. 1). O que o salmista está dizendo com toda clareza é que a verdadeira felicidade está em não satisfazer, em não andar e não estar de acordo com a vida dos ímpios, mas fazer aquilo que é contrário às suas práticas mundanas. De forma impressionante este Salmo foi colocado aqui para ser aquele que encabeça todos os outros 149 salmos.

Não há como provarmos de forma explícita isso, mas quem compilou os salmos, iluminado e inspirado pelo Espírito Santo, colocou este como o primeiro deles porque resume exatamente toda a crise apresentada nos salmos.

Primeiro, percebemos que muitos salmos que foram escritos, o foram na perspectiva da angústia do justo em relação à prosperidade dos ímpios. O salmo 73 retrata esta “crise” quando o salmista diz: “Quanto a mim, porém, quase me resvalaram os pés; pouco faltou para que se desviassem os meus passos...ao ver a prosperidade dos perversos” (Sl 73:2-3). Nos salmos vemos a angústia do justo em fazer a vontade de Deus, em andar segundo o caminho de Deus, porém, apesar disso não tem prosperidade nesta vida, não tem o que os ímpios têm. Mas, por não praticar o que os perversos praticam, obviamente este justo anseia por uma prosperidade maior, superior. E o Salmo 1 vai dizer que aquele que é justo (v. 3) será bem sucedido em tudo que fizer. “Tudo quanto ele faz será bem sucedido”. Este conceito de prosperidade que é colocado aqui na idéia de uma árvore cheia de frutos que nunca murcha; não está inserida em uma perspectiva humana, terrena; isso porque nos outros salmos veremos a angústia do próprio salmista ao dizer: “Os ímpios que não temem e nem amam ao Senhor, prosperam, ganham, vencem, enquanto eu, Senhor, que procuro fazer a tua vontade, estou passando por todo este sofrimento”.

Este salmo foi colocado aqui no início porque ele resume a ansiedade e a angústia daqueles que temem a Deus e fazem a vontade do Senhor, mas estão diante daqueles que não temem a Deus e prosperam, não temem a Deus mas têm saúde, têm vida abundante e aparentemente estão muito bem, enquanto que os justos estão padecendo. O salmista diz com toda clareza que aquele que teme ao Senhor prosperará, será bem sucedido, enquanto aquele que não teme a Deus não prosperará. O salmista coloca isto em relação aos aspectos da vida no momento presente. O conceito de prosperidade aqui é outro até que o salmista chega no final do salmo e resume tudo dizendo que haverá um dia de juízo em que aqueles que prevaleceram nesta vida, que ganharam, que satisfizeram a carne e aparentemente foram felizes; que andaram segundo a carne e os prazeres mundanos, que fizeram a vontade do coração e da mente, serão julgados e perecerão. Nos seus caminhos perecerão, mas quanto aos que temem ao Senhor, o texto diz que os “conhece”: “O Senhor conhece o caminho dos justos...” (v. 6). O Senhor escolheu este caminho para os justos, o seu modo de viver; O Senhor escolheu Seu povo para Si e a Ele pertencem pactualmente.

Perceba que o Salmo a partir daqui se resume exatamente naquilo que vai ser desenvolvido em todos os Salmos e a ênfase principal desta prosperidade apresentada (“será bem sucedido”) está na obediência à Lei do Senhor. Está em uma religião que não é forjada, realizada ou praticada nos desejos do coração do homem, mas numa religião que é forjada e praticada na obediência à Lei de Deus; em uma religião que não procede do coração, mas numa religião que procede da revelação escrita da Palavra de Deus; numa religião que não procede dos desejos da carne, mas procede do desejo do Deus Santo e verdadeiro que escreveu a Sua Palavra com o propósito de que Seu povo caminhasse em obediência a esta Palavra Santa.
Esta felicidade, esta prosperidade e esta eternidade estão diretamente ligadas à obediência à Palavra de Deus e à Sua Lei.

O salmo, de modo claro e objetivo, resume tudo aquilo que vai ser tratado em todos os demais salmos: a crise do ter, do possuir, do enriquecer nesta vida sendo ímpio; a crise de poder entender que aqueles que amam a Lei de Deus nem sempre prosperarão segundo os padrões deste mundo, mas sempre prosperarão os que viverem segundo os padrões que Deus estabeleceu.

Este salmo revela também o que vai acontecer no último dia. O Salmo termina de forma clara revelando o dia do juízo, o último dia, quando o Senhor julgará a todos. Vemos isso no livro de Malaquias quando os homens dizem a Deus: “Senhor, de que nos interessa fazer a Tua vontade, porque aqueles que não Te temem estão prosperando e os que se levantam contra Ti estão sendo vitoriosos nesta vida; de que me adiantou Senhor?”. Deus, então, responde dizendo: “Eu farei um memorial naquele dia e mais uma vez vocês saberão a diferença entre aqueles que me amam e os que não me amam; entre os que me temem e os que não me temem” (Ml 3:13-18). Haverá um dia em que Deus fará esta demonstração de forma clara; um dia quando o Senhor revelar os que são seus, os que lhe obedecem e os que não obedecem; os que O temem e os que não temem ao Senhor.

A prosperidade desta vida, o ter nesta vida, em hipótese, alguma é parâmetro para anunciar a bênção de Deus. Este não é o parâmetro.

Olhando para este salmo, em uma perspectiva geral, encontramos todas estas verdades. Mas devemos adentrar ao salmo olhando cada parte dele com o propósito de compreender estas verdades.

A) – A verdadeira felicidade produzirá verdadeira prosperidade.
     – A falsa felicidade produzirá falsa prosperidade.

1) “Bem aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores” (v. 1). Este primeiro versículo nos apresenta três idéias. Vemos três verbos que são centrais. (a) “Não anda”; (b) “Não se detém ou não para”. Literalmente o autor está dizendo: “não para no caminho dos pecadores”; (c) “Não se assenta”. Estes três verbos, de modo progressivo, nos mostram exatamente o processo degenerativo daqueles que andam segundo o curso deste mundo, segundo os valores do mundo. Aqueles que (1) dão ouvidos aos conselhos dos ímpios em pouco tempo irão (2) parar no caminho dos pecadores; e (3) em pouco tempo irão se assentar na roda dos escarnecedores. O processo degenerativo vai se manifestar em cada ato e em cada momento da vida. Vemos isso quando o salmista diz: “Não anda...não se detém..., não se assenta...”. Assim o salmista mostra claramente que estes três verbos revelam o processo degenerativo daqueles que dão ouvidos aos conselhos dos ímpios, daqueles que que não amam a Deus. Lembre-se que o texto fala do conselho dos ímpios; da vontade do coração do homem; da carne; dos pensamentos daqueles que não amam ao Senhor; daqueles que dão conselhos para a morte. Logo a seguir, os que param para ouvir estes conselhos, em pouco tempo, vão parar no caminho destes pecadores; em pouco tempo estarão assentados no mesmo lugar em que eles estão assentados e fazendo o que eles fazem: escarnecendo e se opondo contra Deus, contra tudo que se relaciona com a vontade do Senhor. Tudo porque começaram a andar segundo o coração corrompido.

2) O salmista começa dizendo que a felicidade está ligada ao não fazer estas coisas – “Bem aventurado o homem que não...” (v. 1). E o versículo que vai se contrapor a esta verdade podemos encontrar na adversativa do v. 2: “Antes, o seu prazer está na lei do Senhor e na sua lei medita de dia e de noite”. Vemos que este versículo vai se contrapor a tudo que foi dito antes: “Andar no conselho dos ímpios...se deter, parar no caminho dos pecadores...; se assentar no meio dos escarnecedores”. Esta não deve ser nossa prática, mas devemos ouvir, diz a Palavra de Deus, que nosso prazer está na Lei do Senhor e que temos de meditar nesta Lei dia e noite. O prazer do crente está em obedecer às Escrituras Sagradas e nunca dar ouvidos às práticas de homens ímpios que vivem praticando o que é contrário a vontade de Deus.

Em nossa vida, estamos sujeitos a seguir caminhos e ouvir conselhos de pessoas que nos dizem o que é o melhor ou o que é pior. Mas se não forem conselhos pautados na Palavra de Deus sempre nos levarão a destruição. O salmista diz que eles perecerão!

Aqueles que andam segundo o caminho dos ímpios precisam entender o nome do Senhor Jesus Cristo revelado no Velho Testamento: “Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is. 9:6). “Maravilhoso Conselheiro”. A Palavra de Deus que nos revela Jesus Cristo, este Conselheiro Maravilhoso, pela obra do Espírito Santo, nos conduzirá ao entendimento de que aqueles que são felizes são exatamente os que se anulam, que mortificam o desejo do seu próprio coração, da sua carne, para obedecer unicamente ao Senhor e andar segundo Sua Lei.

É interessante observar que esta introdução é a introdução da vida de muitos homens de Deus no Antigo Testamento. Vejamos apenas um caso. Quando Deus chama Josué para ser o líder que vai substituir a Moisés, lhe diz (Josué 1:7-8): “Tão somente sê forte e mui corajoso para teres o cuidado de fazer segundo toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que sejas bem sucedido por onde quer que andares. Não cesses de falar deste livro da lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem sucedido” (Levar o povo à Terra Prometida). Estas palavras lembram muito o Salmo 1. Vejamos que esta “prosperidade” de Josué, esse sucesso de Josué (“... farás prosperar o teu caminho e serás bem sucedido”), não está restrita ao aspecto da prosperidade deste mundo, mas ao sucesso de levar a termo a vontade de Deus; de conduzir o povo à Terra Prometida segundo a vontade de Deus. Se fizermos o que é a vontade do Senhor andaremos seguros nos caminhos de Deus, porque esta é a vereda que nos conduz à verdade; é a Lei do Senhor, é a Palavra do Senhor.

Quando andamos conforme o conselho dos homens que não temem a Deus nós, rapidamente sucumbiremos e nos assentaremos na roda daqueles que praticam pecados contra Deus; que escarnecem do Seu glorioso nome e que se levantam contra Ele. Vejamos que a questão está aqui posta se contrapondo uma à outra. Uma verdade é seguir o conselho dos ímpios, a outra é andar segundo a vontade do Senhor revelada na Sua Palavra. Não é seguir segundo experiências pessoais subjetivas, mas segundo o que está revelado nas Escrituras. Ela é suficiente.

A prática de andar segundo os ímpios nos mostra o resultado na última palavra do salmo: “perecerá”. Os que andam segundo esta prática perecerão. O salmo termina com a afirmação de que os ímpios “perecerão”, mostrando a conclusão clara, uma inclusão entre o primeiro versículo e o último. Os que andarem segundo o conselho dos ímpios perecerão! Mas o v. 2 nos afirma que andar segundo a Lei de Deus é o prazer dos que são felizes, dos que são bem aventurados e, conseqüentemente, dos que têm a verdadeira prosperidade e a verdadeira vitória.

Como isto se manifestará? O salmista usa algumas metáforas que chamam de forma especial a nossa atenção. Não é simplesmente uma metáfora, mas uma símile, porque há um comparativo no v. 3: “Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha”. “Ele” quem? Aquele homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, mas anda segundo a Lei do Senhor; e termina o v. dizendo: “...e tudo quanto ele faz será bem sucedido”. Vejamos este texto citado também no livro do profeta Jeremias:
Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do Senhor. Porque será como o arbusto solitário no deserto e não verá quando vier o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável. Bendito o homem que confia no Senhor e cuja esperança é o Senhor. Porque ele é como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas sua folha fica verde; e, no ano de sequidão, não se perturba, nem deixa de dar fruto. Enganoso é o coração, mais do que todas as cousas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jr 17:5-9).

O salmista coloca na perspectiva da obediência à Lei do Senhor e o profeta Jeremias coloca na perspectiva de confiar em Deus. Uns confiam em homens, outros em Deus. Maldito o homem que põe sua confiança no homem. O salmista diz: “Bem aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios”. O profeta diz: “Maldito o homem que confia no homem”. O que diz o salmista? O salmista diz: “Bem aventurado (feliz) é aquele que obedece a Lei do Senhor; que faz a vontade do Senhor”. O profeta Jeremias diz: “Bem aventurado o homem que confia no Senhor; que tem a esperança no Senhor; que não põe sua esperança em outrem, mas no Senhor dos exércitos, o Deus todo poderoso!!”. E fazem a mesma comparação com uma árvore plantada junto a ribeiros de águas. Vejamos que aqui o texto coloca claramente que haverá sequidão, calor, tempo de estiagem. Ele não diz que os que estão plantados na Lei, que fazem o que Deus quer, não passarão por estas coisas, que não sofrerão calor, que não passarão por sequidão, mas, porque as sua raízes estão dentro da Lei de Deus, porque estão colocadas na Palavra do Senhor, ou seja, suas raízes estão postas em águas perenes que não param de jorrar, continuarão dando fruto apesar da sequidão, da angústia e do sofrimento, porque a Lei do Senhor assim o fará.

B) A Verdadeira felicidade nos conduzirá ao Prazer Eterno.
     A Falsa felicidade nos conduzirá ao desprazer eterno.

Em sua continuação, este Salmo 1 mais uma vez, vai fazer um contraste. No primeiro momento o salmista faz um tipo de trocadilho. No v. 1 ele diz que é bem aventurado o homem que não pratica tais e tais coisas. Ele se refere ao justo. Depois diz: O justo ama a Lei do Senhor! Agora ele toma este justo que ama a Lei e o compara a uma árvore que está plantada junto a ribeiros de águas. Porém agora o salmista se volta para os ímpios dizendo: “Os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa” (v. 4).
Esta figura nos leva a dois princípios básicos.

1) Um tem raízes (o justo) que recebem água. Aquele que teme a Deus e ama a Lei do Senhor, e nela medita, é semelhante a uma árvore plantada e cujas raízes se estendem para dentro de um ribeiro de águas.

2) O outro (o ímpio), que não teme a Deus, não tem raízes. É semelhante à palha que o vento dispersa. É semelhante à palha seca do arroz que é levada pelo vento e vai mudando de lugar para lugar. Não tem sustentação! Os que confiam nos ímpios; os que confiam na prática e na ética dos pecadores; que não andam segundo a Lei, mas segundo o coração corrompido, são comparados pelo profeta Jeremias a alguém com um coração enganoso e desesperadamente corrupto, incorrigível. Como poderemos forjar nossa prática e nossa religião baseados nas experiências do nosso coração que é enganoso e corrupto? Como podemos forjar nossa prática em nossas emoções, em nossas experiências pessoais; será uma prática, uma religião que não está firmada na Lei do Senhor, na Sua Palavra. Não podemos deixar que nosso coração seja a base para a nossa religião. Mas temos de colocar a Lei do Senhor, a verdade revelada na Palavra como a forjadora da nossa  religião, da nossa prática, de tal maneira que sejamos praticantes destas verdades e não apenas ouvintes. Obedientes à lei de Deus.

O salmista diz que “os ímpios não são assim, mas são como a palha que o vento dispersa”, porque têm sua religiosidade formada no enganoso coração. Como palha eles têm sua leveza, sua prosperidade, seus benefícios. Isso está muito claro e perceptível no v. 5 quando o salmista usa o verbo “prevalecer”: “Os ímpios não prevalecerão no juízo”; literalmente significa que não se “levantarão” no juízo, ou seja, no dia do juízo eles não serão vitoriosos, mesmo que aqui neste mundo aparentemente prevaleçam, que ganhem, que sejam vitoriosos e que tenham sucesso em muitas áreas da vida. Mesmo não fazendo a vontade de Deus, mesmo que sejam desonestos nos negócios e ganhem muito dinheiro, aparentemente não têm problemas. Eles não têm crises de consciência para poder enriquecer. Neste mundo, aparentemente eles prevalecem, ganham, têm saúde, porém, no dia do juízo final eles não se levantarão, não prevalecerão. Depois da relação com a vida terrena chegará o dia, diz o salmista, que estes perversos não irão prevalecer.

Podem ter sido vitoriosos nesta vida, mas, no final, no último dia, no dia do juízo final, irão perecer e não prevalecer. A tradução desta palavra, prevalecer, não é muito feliz porque no hebraico, literalmente, significa levantar-se. É a mesma palavra usada para Jonas quando Deus diz que ele se levante e vá para Nínive. É a mesma palavra usada por Cristo, quando fala em aramaico para aquela jovem que estava morta e diz: “Talita cumi”. Ou seja, Talita, levanta-te! É o mesmo verbo; a tradução literal seria: “Os ímpios não se levantarão no dia do juízo”.

Havia uma prática na cultura judaica que dizia o seguinte: Toda vez que um inferior se aproximar do seu superior ele deve se prostrar. Jesus conta a parábola de um homem, de um credor incompassivo (Mt 18) que devia uma fortuna ao rei; quando ele se aproxima deste rei ele se prostra diante daquele que é seu superior (v. 26) e pede paciência para com ele. Era uma prática judaica. Vemos esta mesma verdade em Fl 2:10, quando Paulo se refere a Cristo dizendo que todo joelho se dobrará e toda língua confessará, ou seja, que todos os inferiores se prostrarão diante do Senhor. Mas, o texto aqui no Salmo 1, diz: “Os ímpios não vão se levantar” (v.5). Eles se prostrarão, mas não se levantarão; só se levantarão aqueles que o Senhor os tomar pelas mãos para conduzi-los ao Seu Reino eterno e provar das delícias da vida eterna, da real prosperidade, de colher o que plantaram; o tesouro guardado nos céus, a sua herança. Nós não construímos nada nessa terra, mas o nosso tesouro está guardado nos céus. É uma herança preparada para nós antes da fundação do mundo.

Os ímpios não se levantarão no dia do juízo, mas permanecerão prostrados. Porém aqueles que nesta vida andaram de conformidade com a vontade de Deus se prostrarão, mas o Senhor os levantará e dirá: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25:34). Entra no gozo do teu Senhor!

O salmo continua dizendo no v. 5: “...nem os pecadores na congregação dos justos”. O que nos chama atenção aqui é a palavra “congregação”; ela vem de uma raiz que significa “testemunha”; não significa simplesmente uma reunião de pessoas, porém significa a reunião daqueles que são verdadeiras testemunhas do Senhor. Isto é, daqueles que obedecem a Lei de Deus, que andam de conformidade com a vontade do Senhor; daqueles que não andam segundo o conselho dos ímpios, que não se detém no caminho dos pecadores, nem se assentam na roda dos escarnecedores; mas são aqueles que testemunham do Senhor. Não somos testemunhas de nós mesmos. Eu sei que muitos gostam de contar seus testemunhos, mas a Bíblia diz que devemos ser testemunhas, não de nós mesmos, mas de Cristo (Atos 1:8); a nossa pregação deve ser um testemunho de Cristo – pregar Cristo e este crucificado. Sobre esta CONGREGAÇÃO, sobre este grupo de testemunhas, os ímpios não vão prevalecer.
Aqui o Salmista, de forma clara e objetiva, vai concluir o texto fazendo a separação entre um e outro, quando diz:
O Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá” (v.6).

Nós sabemos o que significa “perecer”. Significa que aqueles que andaram segundo o caminho da sua própria vontade e não segundo a vontade de Deus e que viveram para satisfazer a sua carne, seu coração e seus desejos, estes perecerão no último dia – serão condenados ao sofrimento eterno, separados do Senhor. Este é o caminho dos ímpios que os leva a perecer.

Porém, o caminho dos justos o Senhor conhece. Mas que conhecimento é este? Porque a idéia parece ser de que Deus conhece algumas coisas e não conhece outras. Ou seja, conhece o caminho de uns e não de outros. Mas o conhecimento aqui vai muito além do que simplesmente saber de alguma coisa. “Conhecer” aqui significa uma relação íntima, profunda, a ponto de significar aqueles que Deus amou com amor eterno e os escolheu para serem Seus. Vejamos isso no livro de Amós 3:2:
De todas as famílias da terra, somente a vós outros vos escolhi; portanto, eu vos punirei por todas as vossas iniqüidades”.

Esta palavra, “escolhi”, usada aqui nesta versão é a mesma palavra usada para “conheci”, em outras versões. É o mesmo verbo, a mesma raiz. Literalmente seria: “De todas as famílias da terra, somente a vós outros vos conheci”. Há momentos em que a palavra conhecer é sinônimo de escolher. Por isso o tradutor faz o que é óbvio. Porque o que o salmista faz aqui quando afirma “De todas as famílias da terra, somente a vós outros vos conheci”, ele o faz no sentido de que conhecer significa: “somente com vocês eu me relacionei pactualmente; somente a vocês eu me revelei; eu escolhi somente a vocês!”.

A mesma verdade encontramos no livro do profeta Jeremias 1:5.
Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações”.

Não haveria nenhum problema se a tradução aqui fosse: “Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te escolhi”. Não há dúvida quanto a isso. Então, quando o salmista diz que “O Senhor conhece o caminho dos justos...”, está dizendo que este conhecer vai muito além da simples idéia de saber de algo, mas nos leva à idéia de escolher em amor.
Vamos ver esta verdade não somente no Velho Testamento, mas também no Novo Testamento. Em Mateus 7:21-23, Jesus fala da mesma verdade com uma profundidade que nos choca, nos impressiona:
Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.

Vejamos logo de início a relação com a obediência à Lei do Senhor.

Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade”.
      
Vejamos que aqui, a palavra “conheci”, não deve nos trazer a idéia de que Jesus não conhecia, ou não sabia quem eles eram, mas nos traz a idéia de que Jesus afirmou claramente: “Vocês não são meus escolhidos; porque se fossem meus escolhidos fariam a minha vontade e não apenas diriam “Senhor, Senhor”, mas obedeceriam a minha vontade; fariam o que está escrito na minha Palavra; amariam a minha Lei. Vocês me chamam de Senhor, mas não fazem o que vos mando, não fazem minha vontade; Eu não conheço vocês, não sei quem são vocês, nunca vos ESCOLHI!”. “Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade”.

Alguém poderia argumentar de que o v. 6 não está dizendo que o Senhor conhece os justos, mas conhece o caminho dos justos. A isto respondemos acrescentando que Deus não apenas escolheu um povo para Si, mas também escolheu o caminho pelo qual este povo deveria andar. Deus não apenas escolheu a você e a mim, mas nos disse como deveríamos nos conduzir: Segundo a Sua Lei, a Sua vontade revelada nas Escrituras e sem acréscimos e diminuições. Não segundo o conselho do mundo, não segundo os padrões do mundo, não segundo o nosso próprio coração, mas segundo a Lei do Senhor revelada na Sua Palavra.

O Senhor conhece o caminho do Seu povo porque Ele escolheu para este povo o caminho que ele deve andar.
Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16:24). Abandone os seus próprios caminhos, volte-se para a Palavra do Senhor, abandone os desejos do seu coração que é enganoso e corrupto e obedeça ao Senhor e viva a Sua Palavra. Aqueles que fazem assim prevalecerão, se levantarão no dia do juízo e receberão as boas vindas do Juiz e a herança prometida, o reino eterno; mas os que não fizerem isso, não se levantarão, serão apartados para o sofrimento eterno.

O Senhor conhece o caminho daqueles que só Ele escolheu, mas aqueles que andam segundo seus próprios caminhos perecerão; serão condenados para sempre e viverão eternamente distantes da presença de Deus sofrendo os terrores do inferno que merecem.

O Senhor nos conceda a graça de podermos, como crentes no Senhor Jesus Cristo, obedecermos a Sua Lei, a Sua Palavra, abandonando a obediência e os desejos do nosso coração, sempre lembrando que nosso coração é incorrigível, corrupto; não é ele que forma a nossa religião, a nossa prática de vida, mas a Palavra revelada do Senhor Deus.
Abandonemos tudo que não está de acordo com a Lei de Deus e nos voltemos para Ele que é rico em perdoar e pratiquemos a Sua vontade santa. Isso o Senhor requer de nós, requer do Seu povo, povo da aliança e por quem deu Sua vida naquela cruz maldita para fazer-nos um povo separado para Si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras (Tito 2:14).
Amém.

Pr. Paulo Brasil é ministro Presbiteriano e Prof. de Hebraico e exegese do Velho Testamento no Seminário Presbiteriano em Teresina, PI.

A Igreja no Velho Testamento


Por Pr. Paulo Brasil

INTRODUÇÃO
Gostaria de iniciar falando de dois aspectos visualizados neste tema.

1) Anacronismo — Este tema é muito importante tendo em vista as circunstâncias que envolvem a Igreja hoje. Mas pensar neste tema — Igreja no Velho Testamento — para muitos seria pensar em um anacronismo. Ou seja, usar um termo fora da sua época. Muitos dizem que Igreja é algo apenas do Novo Testamento. Sendo assim, como poderíamos falar de Igreja no Velho Testamento? Bem, no meio reformado isso não seria um problema, mas no meio não reformado esse é um problema muito sério tendo em vista o entendimento errado que muitos têm ao fazer uma separação entre Igreja e a nação de Israel. Estes têm dificuldade de encontrar o conceito de Igreja no Velho Testamento. Essa separação que se faz entre Israel e Igreja é algo extremamente prejudicial para a visão e unidade da Escritura Sagrada como um todo.

No entanto, este tema é pertinente e não anacrônico. Ao contrário, ele é uma expressão fundamental da teologia reformada e a expressão de sua verdade. Por ser teologia pactual, ela não faz distinção entre Velho e Novo Testamento no que diz respeito aos conceitos essenciais, aos símbolos e às cerimônias (abolidas em Cristo e por isso não praticadas hoje). Os conceitos essenciais da Igreja são vistos no Antigo Testamento e esperamos nos referir a eles.

2) Este tema é pertinente. Não é um anacronismo, mas algo que enfrentamos hoje. Como nós lidamos com o Antigo Testamento na Igreja? Temos encontrado um grande problema com a pregação veterotestamentária em nossas igrejas. A pregação no Velho Testamento, além de ser escassa por convicções equivocadas, ela é moralista na sua essência; não é redentiva, não é regeneradora, mas simplesmente uma exposição moral. Toma-se um texto do VT para se falar sobre a condenação de determinados pecados e como devemos viver com base em um padrão. Hoje não se vê na pregação no Velho Testamento a essência da natureza de Cristo e a obra de unidade que existe entre o Antigo e o Novo Testamento. Por isso, além de ser um tema dos nossos dias, e não estarmos usando nada fora do seu contexto, estamos usando um tema extremamente pertinente.

Certamente os irmãos que têm um entendimento de Israel distinto de Igreja, rejeitam rapidamente este assunto. Vamos ouvir o que a Palavra de Deus tem para dizer acerca deste assunto para que desfrutemos destas maravilhosas verdades redentivas reveladas de forma clara e essencial no Antigo Testamento.

O TEMA
Em que lugar na Escritura podemos afirmar que o povo do Antigo Testamento é chamado de Igreja? É interessante ver como os irmãos que têm dificuldade com este tema partem de uma hermenêutica literalista e por isso equivocada. Se não tem a palavra “igreja” com referência à Israel, então Israel não é igreja, dizem eles. Se não tem a palavra “Israel” para igreja, então igreja não é o Israel de Deus. Estes irmãos dizem que há necessidade de se ter uma expressão literal para a tese ser confirmada. Mas temos de ver a teologia como um todo. Vendo este princípio teológico pelo prisma da unidade da revelação, podemos abrir as Escrituras em um texto de Atos 7: 38 — “É este Moisés quem esteve na congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai e com os nossos pais; o qual recebeu palavras vivas para no-las transmitir”. A palavra utilizada no texto — congregação — literalmente é a palavra grega usada para “Igreja” (eclesia). Lucas está dizendo aqui no texto o seguinte: “É este Moisés quem esteve na ‘igreja’ no deserto”. É exatamente o que Lucas está dizendo. O princípio é de que a igreja envolve o povo que se congregava no Antigo Testamento. Sabemos, à luz do Novo Testamento, que a igreja é formada pelos eleitos de Deus, os escolhidos do Senhor antes da fundação do mundo e esse povo eleito por Deus é regenerado, justificado, santificado e vive uma vida corporativa característica de um povo tirado de rumos distintos para um caminho comum. O Novo Testamento nos dá a visão muito clara de que os que pertencem à igreja do Senhor são aqueles que foram salvos regenerados, santificados, convertidos. Se isso, então, é a essência da igreja, que pessoas foram chamadas por Deus da escravidão do pecado para a liberdade em Cristo, da morte para a vida para fazer a vontade de Deus, temos que entender que no Antigo Testamento estas coisas também aconteciam. Será que apenas a expressão, apenas o entendimento veterotestamentário da vocação de algumas pessoas e da visão de nação como povo de Deus, seria suficiente para excluir a idéia de que esta nação não era a nação que, escolhida por Deus, fosse regenerada, convertida, justificada, santificada para andar nos caminhos de Deus? Será que é uma visão correta afirmar que pelo fato de se ter uma nação específica no VT (Israel) temos uma igreja distinta no Novo Testamento onde povos de todas as raças estão envolvidos no número dos eleitos? Caminhemos para o seguinte entendimento:

1) Temos de encontrar no Velho Testamento e na revelação geral das Escrituras a verdade estabelecida de que o povo do VT cria nas mesmas coisas que nós cremos hoje, no mesmo Deus e nas mesmas verdades que cremos.

2) Temos de encontrar no Velho Testamento, em toda revelação do VT que este povo, além de tudo, não só cria como nós, mas era um povo que esperava nas mesmas promessas que nós esperamos.

Se não unirmos isso, se não aceitarmos e compreendermos isso, teremos dificuldades de crer que Israel é a Igreja e que a Igreja é Israel. À luz deste princípio partimos desta direção entendendo a e a esperança como algo comum ao Velho Testamento e ao Novo Testamento.

Antes de continuarmos, devemos dar uma explicação. Vamos citar alguns textos do Novo Testamento e muitos poderão pensar: O irmão vai falar de Igreja no Velho Testamento e, para isso, cita textos do Novo Testamento? Mas o melhor interprete da Bíblia é ela mesma. Quem melhor interpreta o Antigo Testamento é a própria Bíblia. Se nos dirigimos ao NT para entender a interpretação do VT é porque partimos do princípio de que a verdadeira interpretação do Antigo Testamento está no Novo Testamento.

Hebreus 11:1-3 e 8
Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem. Pois, pela fé, os antigos obtiveram bom testemunho. Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem” (vss. 1-3).

Temos aqui um conceito neotestamentário de fé. No v. 1 temos um paralelismo sinonímico. Paralelismo é uma característica da língua hebraica. Lembramos, porém, que os autores do Novo Testamento eram judeus na sua maioria e sua estrutura de escrita era obviamente judaica. Mesmo escrevendo em grego, o pensamento era judaico tanto quanto sua estrutura de escrita. Por isso temos este paralelismo que é uma forma de dizer a mesma verdade de forma diferente. O que é fé? “Fé é a certeza de coisas que se esperam”. O que mais é fé? “A convicção de fatos que se não vêem”. O que é sinônimo aqui? Aqui “certeza é sinônimo de “convicção”; “coisas que se esperam” é sinônimo de “fatos que se não vêem”. A fé está firmada não em dúvidas, mas em certezas, porém não naquilo que se vê. Impressionante! Até porque a própria raiz da palavra “FÉ”, na língua hebraica, se origina de uma palavra que na sua base, na sua múltipla utilização como palavra de uma língua, traz a idéia de verdade, firmeza, como uma árvore que bem plantada não se abala. Em hebraico a palavra “āman” de onde provem a palavra “ĕmûnâ” que é “fé” ou “fidelidade” e que vem da mesma raiz, tem um sentido de algo que está fincado e que não se abala.

A palavra “fé” usada no Velho Testamento é usada agora no Novo Testamento como aquilo que não se abala e a convicção de coisas que não podemos ver. Aqui está o grande paradoxo. Percebemos que estamos diante de uma grande verdade! O autor da carta aos Hebreus nos dá o conceito de fé. Mas de modo interessante o autor recorre à criação para estabelecer o parâmetro do que podemos entender como fé e recorre a personagens do Velho Testamento. Começa falando de Abel e discorre para poder dizer que a fé é a exata convicção daquilo que não podemos ver. Ele diz que “pela fé Abel ofereceu mais excelente sacrifício...”. Estabelece-se, então, um princípio de que Abel já esperava algo que ele não via, mas sabia da sua existência. Nos parece ser este o princípio pelo fato de que nos vss. 8-10 deste capítulo Abraão vai ser assim também denominado. Está escrito: “Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber aonde ia. Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa; porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador” (Hb 11:8-10). Foi dada a Abraão a promessa de entrar numa terra chamada “prometida”, sendo que esta terra “prometida” não era, na visão de Abraão, o fim para o qual estavam determinadas todas as coisas. Por quê? Porque segundo o texto ele aguardava a cidade que Deus havia edificado. Mas alguém poderia afirmar que no texto não há nada dizendo que a palavra “cidade” se refere a uma cidade celestial e que bem poderia estar se referindo a Jerusalém, a cidade santa. Se alguém não se convence com estes versículos devemos olhar mais à frente.

Pela fé, também, a própria Sara recebeu poder para ser mãe, não obstante o avançado de sua idade, pois teve por fiel aquele que lhe havia feito a promessa. Por isso, também de um, aliás já amortecido, saiu uma posteridade tão numerosa como as estrelas do céu e inumerável como a areia que está na praia do mar. Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra“ (vss.11-13).

Vejamos que “estes morreram na fé”, ou seja, morreram crendo “sem ter obtido a promessa”.
Vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. Porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria. E, se, na verdade, se lembrassem daquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar. Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade” (vss. 13b-16).

 A palavra cidade usada no texto é trazida de volta. Cidade aqui é sinônimo de pátria celestial. Percebemos que quando estas personagens do Velho Testamento eram chamadas por Deus, as suas vocações não eram para algo estritamente terreno, mas para algo superior. A própria terra de Israel nunca foi um fim em si mesmo. Ela apenas tipificava a pátria celestial. Segundo as palavras do autor da carta aos Hebreus, quando ele trata no capítulo 4 acerca do dia do Senhor, do dia de descanso, diz claramente que a terra de Israel não era o descanso que Deus havia dado a eles; porque se fosse não falaria de “outro dia” — “Ora, se Josué lhes houvesse dado descanso, não falaria, posteriormente, a respeito de outro dia” (Hb 4:8). E no v. 9 lemos: “Portanto, resta um repouso para o povo de Deus”. Aquela cidade tipificava a entrada na pátria celestial. Abraão chamado por Deus já cria e aguardava, segundo o autor aos Hebreus, uma pátria superior à terra prometida, pois esta era apenas um tipo e não um fim em si mesmo. Devemos nos lembrar do conceito estabelecido pelo autor da carta aos Hebreus que “fé é a certeza de coisas que se esperam e a convicção de fatos que se não vêem”. Existe e esperança estabelecidas no Velho Testamento. Os chamados e vocacionado por Deus esperavam o mesmo que nós esperamos: a pátria celestial, a nova Jerusalém. A idéia atual de que, para a nação judaica a terra da Palestina foi posta como propósito final, é equivocada à luz de toda Escritura Sagrada. Porque para os filhos de Abraão, os que creram como Abraão creu, eles aguardam uma pátria celestial, a Nova Jerusalém, a cidade santa. No Velho Testamento a fé estava estabelecida, os crentes não viam, mas esperavam.

Abraão creu na ressurreição dos mortos. Os críticos modernos afirmam que a doutrina da ressurreição não está estabelecida no Velho Testamento. Nos parece que isso é um grande equívoco porque, quando Jesus foi interpelado pelos saduceus, no Evangelho de Mateus, o Senhor lhes deu uma resposta. O texto nos fala:

Naquele dia, aproximaram-se dele alguns saduceus, que dizem não haver ressurreição, e lhe perguntaram: Mestre, Moisés disse: Se alguém morrer, não tendo filhos, seu irmão casará com a viúva e suscitará descendência ao falecido. Ora, havia entre nós sete irmãos. O primeiro, tendo casado, morreu e, não tendo descendência, deixou sua mulher a seu irmão; o mesmo sucedeu com o segundo, com o terceiro, até ao sétimo; depois de todos eles, morreu também a mulher. Portanto, na ressurreição, de qual dos sete será ela esposa? Porque todos a desposaram” (Mt 22:23-28).

Jesus respondeu claramente:
“Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus. Porque, na ressurreição, nem casam, nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos no céu. E, quanto à ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Ele não é Deus de mortos, e sim de vivos” (Mt 22:29-32).

Jesus fala baseando no texto do Velho Testamento quando diz que Deus é Deus de vivos e não de mortos. Ele disse: “Eu sou o Deus de Abraão, de Isaque e Jacó”. Jesus responde à questão dos saduceus, que eram contrários à ressurreição, citando o Velho Testamento. Certamente que Abraão, Isaque e Jacó já estavam mortos na época de Cristo. Por que Jesus diz que Deus é Deus de vivos e não de mortos? Porque eles estão vivos. Jesus disse a Marta: “Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (Mt 11:25). É a mesma fé estabelecida no Velho Testamento. A fé na ressurreição é estabelecida em Gênesis no capítulo 22. Deus prova a Abraão:

Depois dessas coisas, pôs Deus Abraão à prova e lhe disse: Abraão! Este lhe respondeu: Eis-me aqui! Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei. Levantou-se, pois, Abraão de madrugada e, tendo preparado o seu jumento, tomou consigo dois dos seus servos e a Isaque, seu filho; rachou lenha para o holocausto e foi para o lugar que Deus lhe havia indicado. Ao terceiro dia, erguendo Abraão os olhos, viu o lugar de longe. Então, disse a seus servos: Esperai aqui, com o jumento; eu e o rapaz iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos para junto de vós” (Gn 22:1-5).

Estas palavras não eram de alguém que desejava acalmar aos servos desesperados com a possibilidade da morte de Isaque, porque eles sabiam o que estava acontecendo. Porém Abraão diz aos servos “eu e o rapaz iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos para junto de vós”. Temos de atentar para as palavras: “havendo adorado, voltaremos”. Vejamos o plural: Nós voltaremos! Ele não disse, eu voltarei. O que significa isso? Ele cria que se e o menino morresse Deus iria ressuscitá-lo. De onde tiramos isso? Voltando a Hebreus 11 e veremos claramente esta verdade.

Hebreus 11:17-19
Pela fé, Abraão, quando posto à prova, ofereceu Isaque; estava mesmo para sacrificar o seu unigênito aquele que acolheu alegremente as promessas, a quem se tinha dito: Em Isaque será chamada a tua descendência; porque considerou que Deus era poderoso até para ressuscitá-lo dentre os mortos, de onde também, figuradamente, o recobrou”.

Abraão creu que Isaque iria ressuscitar. É a convicção daquilo que não vemos, é a certeza daquilo que nossos olhos não vêem, mas é a certeza! Nunca vimos ninguém ressuscitar, mas cremos na ressurreição dos mortos. O mesmo princípio se aplica a Abrão. Ele nunca tinha visto ninguém ressuscitar, mas cria na ressurreição. A Igreja no Velho Testamento cria e estava fundamentada nos mesmos pilares que se fundamenta a Igreja do Novo Testamento. Nós cremos e esperamos naquilo que não vemos!

Esse princípio da fé precisa ser melhor entendido. Como surgia a fé no Velho Testamento? Temos de mencionar agora uma doutrina perniciosa presente na igreja de hoje: O Dispensacionalismo. Através da tradição dispensacionalista teremos profunda dificuldade de olhar para o Velho Testamento e ver a conversão da mesma forma como a vemos no Novo Testamento. Para o dispensacionalismo o homem do Velho Testamento tinha uma estrutura diferente do homem no Novo Testamento. Se o homem do VT pudesse se arrepender sem a ação do Espírito Santo, então para que o Pentecostes? Não havia necessidade de Espírito Santo, pois o arrependimento seria algo humano. É óbvio que toda e qualquer ação de caráter regenerativo, salvífico, era operado pelo Espírito Santo de Deus para que eles acreditassem.

Voltando ao texto que fala de Abel em Hebreus 11:4, vemos que ele ofereceu sacrifício a Deus pela fé. Se entendermos que o sacrifício oferecido por Abel foi através de uma fé distinta, diferente, não sendo pelo que lhe fora revelado, então, semelhantemente teremos de entender que a fé de Abraão não foi depositada no que lhe foi revelado. Mas o texto diz que Abraão creu. A mesma fé que Abraão teve é a mesma que Abel teve. É a mesma estrutura. E todos os eleitos têm esta mesma fé que é a mesma fé do povo de Deus na história, no VT ou no NT. Fé implica numa revelação de Deus. Só podemos crer naquilo que nos é revelado pela Palavra de Deus.

Em Hebreus 4:1-3, lemos:
Temamos, portanto, que, sendo-nos deixada a promessa de entrar no descanso de Deus, suceda parecer que algum de vós tenha falhado. Porque também a nós foram anunciadas as boas-novas, como se deu com eles; mas a palavra que ouviram não lhes aproveitou, visto não ter sido acompanhada pela fé naqueles que a ouviram.Nós, porém, que cremos, entramos no descanso...”.  

No v. 2 destacamos: “Porque também a nós foram anunciadas as boas-novas”. “Também a nós”! Quem são “nós” aqui? São os crentes da antiga aliança, os crentes do Velho Testamento. Da mesma forma como aconteceu conosco, aconteceu com eles A eles foram anunciadas as BOAS NOVAS! O EVANGELHO! Que coisa maravilhosa! O Evangelho, as Boas Novas, foram anunciadas aos crentes da antiga aliança.

É necessário um comentário. Qual a distinção do Novo para o Velho Testamento? Não há distinção essencial, mas há distinção da relação entre aquilo que é figura, entre aquilo que é símbolo e o que é simbolizado; entre o que é tipo e o que é tipificado. Os crentes do Velho Testamento eram salvos pela revelação de Deus, objetiva e subjetiva (iluminação). Vemos isso com o grande teólogo reformado Dr. Geerhardus Vos no seu livro Teologia Bíblica (Biblical Theology) que é um livro extraordinário. Dr. Vos coloca o princípio da revelação assim: A revelação é objetiva e subjetiva.


Revelação Objetiva e Subjetiva (Iluminação[i]).
Revelação objetiva são os atos históricos de Deus, manifestados na própria história. Isto é, cada ato revelacional implica em um ato histórico. Exemplo: Jesus veio a este mundo. Isso é um ato histórico. Esta é uma revelação objetiva. Revelação subjetiva (Iluminação) é a revelação histórico-objetiva que é trazida ao entendimento do indivíduo, a regeneração, conversão. O que permanece hoje é a iluminação, pois a revelação objetiva cessou, pois não existe mais revelação histórica. Ela se encerrou com o Cânon. O que temos hoje é a iluminação que é trazida ao homem por meio da pregação histórico-objetiva de Deus que continua sendo proclamada e salvando o povo na história. Como Deus fez no Antigo Testamento, fez também no Novo Testamento e durante toda a história. O Velho Testamento junto com seus atos históricos não apenas revelava Deus historicamente (objetivamente), mas revelava Deus subjetivamente a um povo que Ele mesmo estava salvando. Paralela à idéia da revelação, está a idéia de conversão e salvação — Deus se revelava para redimir.

Pensando dessa forma, cada momento da história, como a Páscoa, a circuncisão, o tabernáculo, o templo, enfim, todos estes elementos históricos que foram realidades no VT, traziam consigo a vontade revelada de Deus, a revelação redentora de Deus salvando um povo que continuada e organicamente passava a conhecer a salvação. A Confissão de Fé de Westminster diz que aquela revelação era suficiente para salvar os eleitos de Deus no Velho Testamento. Dr. Geerhardus Vos se apodera deste ensino da Confissão para dizer que esta revelação era perfeita, não porque não precisasse de outra revelação para dar-lhe luz, mas porque aquela revelação estava ligada organicamente com aquele que era o centro de toda revelação de Deus, Jesus Cristo. Por isso, não temos medo de dizer, à luz de toda a Escritura Sagrada, que a fé que Abraão tinha, nós também a temos porque o mesmo Espírito opera em nós. A esperança que ele tinha nós a temos porque ouviu a mesma verdade — as boas novas do Evangelho.

Gálatas 3:6
“É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça. Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os povos. De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão”.

Foi trazida a revelação de Deus — O Evangelho foi preanunciado. Isso é impressionante. Paulo enfrentava problemas na igreja da Galácia e estes problemas eram relacionados com a questão das obras que eram enfatizadas para a salvação. Então, Paulo se fundamenta em Abraão para dizer: “tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios”. Deus, para justificar pela fé, preanunciou o Evangelho, isto é anunciou o Evangelho a Abraão! Para que houvesse justificação pela fé foi necessária a revelação do Evangelho que começou a ser pregado de modo inequívoco desde o início da história da revelação. E os que criam eram salvos, pois criam nas mesmas verdades, esperavam nas mesmas promessas, tinham a mesma esperança. Eles criam na ressurreição como nós cremos, aguardavam uma pátria celestial como nós aguardamos.

A Igreja no Velho Testamento é fundamentada no conceito da unidade de toda a Escritura Sagrada. Conseqüentemente é importante saber que a obra da regeneração no Novo Testamento se deu, não com uma raça, não com um povo étnico, não com descendentes carnais, mas com os da fé. Então, a quem Deus revelou a verdade, a quem Deus deu o dom da fé, a quem deu a verdadeira esperança, e a mesma crença que é nossa? Paulo responde a esta pergunta em Romanos 11:1-5

Romanos 11:1-5
Pergunto, pois: terá Deus, porventura, rejeitado o seu povo? De modo nenhum! Porque eu também sou israelita da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim. Deus não rejeitou o seu povo, a quem de antemão conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura refere a respeito de Elias, como insta perante Deus contra Israel, dizendo: Senhor, mataram os teus profetas, arrasaram os teus altares, e só eu fiquei, e procuram tirar-me a vida. Que lhe disse, porém, a resposta divina? Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos diante de Baal. Assim, pois, também agora, no tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça”.

A questão que Paulo levanta é simples. Deus rejeitou Seu povo? Não, de modo algum. Por quê? “Eu não sou israelita e fui salvo”. Agora Paulo dá o conceito para colocar no tudo prumo certo. Antes estava estabelecido o conceito de que Israel era o povo eleito apenas como nação, como raça. Mas Paulo diz que isso é agora um equívoco. Quem é o verdadeiro israelita? Não é simplesmente o que nasce em Israel. Paulo agora se refere tanto ao povo do VT quanto ao do NT e diz que ambos estavam na mesma situação e afirma: “no tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça”. Isto é, assim como foi no Antigo Testamento, é agora no novo. Nada mudou! É a mesma coisa. No Antigo Testamento haviam os eleitos segundo a graça de Deus. Não era porque nasciam em Israel que eles eram salvos, pois haviam os eleitos dentre Israel. Por isso Paulo cita Elias que dissera: “Senhor, eu estou só!”. Mas Deus lhe diz: “Nada disso, Eu reservei para mim sete mil homens”. Ou seja, “Eu reservei para mim os que são fiéis. Dentro desta nação existem sete mil que não se dobraram diante de Baal”. E Paulo conclui dizendo que é assim também hoje que vive um remanescente segundo a eleição da graça.

Como foi no Antigo Testamento, é assim agora no Novo Testamento, pois os eleitos são salvos pela graça. E esses eleitos são salvos através da revelação da verdade. E essa revelação é dada aos que recebem o dom da fé, fé que leva à esperança. A Igreja do Antigo Testamento é o povo de Deus do Novo Testamento. Somos salvos porque fomos escolhidos por Deus antes da fundação do mundo, assim como os crentes do Antigo Testamento o foram. Fomos salvos porque a nós foi revelada a palavra objetivo-histórica de Deus e nós cremos tanto quanto eles creram nesta palavra revelada. Eles esperavam a pátria celestial e nós também esperamos. Eles criam na ressurreição e nós também cremos. Os crentes do Velho e do Novo Testamento historicamente receberam os mesmos benefícios.

A Igreja eleita do Antigo Testamento recebeu a revelação, creu e, com fé, esperou. Nós que somos a igreja do Novo Testamento somos exatamente a mesma coisa hoje. A igreja existia no Antigo Testamento.


Implicações
Quais as implicações desta verdade para nossa vida?

1) Uma palavra aos pastores e à liderança. Aos pregadores da Palavra que desejam cada dia aprender mais da Escritura se fazem necessárias algumas mudanças. Abandonem a pregação apenas moralista do Antigo Testamento e preguem a redenção que lá está. Pregue Cristo no Antigo Testamento! Exalte o nome de Cristo no Antigo Testamento! Exalte o Cristo que operou no povo do Velho Testamento da mesma forma como faz hoje, pelo Seu Espírito. Ao Ministro da Palavra dizemos que ele abandone a pregação apenas moralista no VT como é comum em nossos dias. Pregue a ética que provém da doutrina, mas não moralismo. Terá de evitar a visão dispensacionalista que afirma que o Antigo Testamento apenas serve de exemplo para nós. Errado! O Antigo Testamento é muito mais profundo que isso. É a revelação da redenção histórica de Deus.

Para os pastores e pregadores do Evangelho essa será a primeira e fundamental mudança que ocorrerá em suas vidas.

2) A liderança da igreja terá de buscar o entendimento da unidade em toda a Escritura Sagrada. Há muito tempo nós brasileiros trabalhamos contra isso. Na ignorância acreditávamos em uma separação entre Israel e Igreja, e, mesmo não sendo de fato dispensacionalistas, vivíamos recebendo grande quantidade de idéias dispensacionalistas na nossa teologia. Dessa forma não conseguíamos ver a unidade da Escritura. Tenho de dizer algo duro, mas que é a verdade. O pastor verdadeiramente reformado, presbiteriano, que não é pactual, está equivocado ao ficar contra suas convicções. Pastores e líderes que não crêem em um único pacto, o pacto da graça (após a queda), que não crer nessa unidade da Escritura, naturalmente vai trabalhar de modo a fazer um desserviço no ensino da Igreja.

Por isso a grande importância de falarmos sobre a circuncisão, batismo infantil, a páscoa, a ceia do Senhor, o templo e seu lugar no Novo Testamento, para podermos entender que dentro da doutrina da unidade escriturística existe um processo de entendimento e que a simbologia do VT foi trazida à plenitude no NT. Não é que o foco tenha sido mudado, não, mas é que chegamos ao ápice — Cristo — e quando temos a unidade, esse pensamento que apresentamos aqui, nos fará ver a Escritura como uma única verdade. Veremos como uma unidade.

O pastor que deseja se aprofundar na doutrina, como pregador, deverá mostrar que na redenção haverá mudança de vida e necessidade de obediência à Lei. Os pastores aprenderão que, depois de redimidos, nós amamos a Lei.

3) O crente desejoso de aprender mais profundamente a doutrina, verá que ele é salvo não pela obediência à Lei, mas pela graça de Deus. Isso trará uma grande mudança na vida da igreja, porque tanto no VT como no NT temos uma mesma mensagem: justificação pela fé somente e não por obras.

O texto de Gálatas claramente diz que “tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão”. Que Evangelho? O Evangelho da justificação pela fé somente. Essa foi a mesma verdade da Igreja do Velho Testamento e que está estabelecida na Igreja do Novo Testamento. A Igreja de hoje vai ter de rever seu enfoque, sua perspectiva e seus conceitos serão aprofundados quando retornar à posição confessional, o que talvez nunca tenha conhecido: A Confissão de Fé de Westmister. Digo isso com muita seriedade. Fiz meu bacharelado em teologia em um Seminário Presbiteriano e nunca estudei nossos símbolos de Fé. A liderança presbiteriana está, com algumas exceções, ignorante da sua confessionalidade, do seu conhecimento doutrinário sobre a Igreja. Por isso, a melhor palavra que se adequa à nossa situação não é “retornar” e sim “começar” a nossa eclesiologia de forma bíblica e reformada. Vamos aos nossos símbolos de fé e veremos que lá estão estabelecidos estes princípios que expusemos aqui. A doutrina do Pacto, a doutrina clara e inequívoca de que os crentes do VT eram salvos pela revelação graciosa de Deus tanto quanto os crentes do Novo Testamento. Veremos que a distinção que apenas fazemos é que no Velho Testamento o evangelho era visto através de uma revelação manifesta nos símbolos e tipos, porém eram perfeitos porque estavam conectados à Cristo.

Dessa forma vamos perceber com temor e piedade diante de Deus, a mudança que estas verdades acarretarão à vida da Igreja de hoje. Isso se faz necessário: abandonarmos os erros e nos apegarmos à verdade.

Amém.

Palestra proferida pelo Prof. Paulo Brasil no SIMPÓSIO REGIONAL OS PURITANOS em Recife/fevereiro/2006


[i] Usamos esta expressão para evitar que se pense que estamos defendendo revelação extraordinária hoje.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A Suficiência de Cristo


Por Pr. Paulo Brasil

Is. 59:16-17

Viu que não havia ajudador algum e maravilhou-se de que não houvesse um intercessor; pelo que o seu próprio braço lhe trouxe a salvação, e a sua própria justiça o susteve. Vestiu-se de justiça, como de uma couraça, e pôs o capacete da salvação na cabeça; pôs sobre si a vestidura da vingança e se cobriu de zelo, como de um manto”.


Por que somente Cristo e não outro pode trazer a salvação à humanidade?
Temos visto, na nossa modernidade, e na nossa teologia contemporânea, uma grande mudança no evangelho quando se fala de salvação. Muitos apresentam Cristo como Salvador, mas muitos que dizem vir a Cristo, não têm a consciência clara do pecado; do horror do pecado; do nojo do pecado. Por isso vêm a Cristo sem muita convicção do que na verdade são. Alguns vêm a Cristo alegremente e com sorriso nos lábios, sem a mínima consciência do pecado que as escravizam. Isso parece não ser culpa apenas destes que assim vêm, mas também daquele que expõe este novo evangelho que não é bíblico. Quando entendemos que o evangelho é de graça, percebemos que não é verdadeira aquela idéia de que o mesmo tem pouco valor, mas é de graça porque não posso nunca, com minhas próprias forças, pagar algo em troca da minha salvação. A diferença é radical. Essa idéia de que é fácil ser salvo e por isso tem pouco valor, vem do contexto moderno capitalista, equivocado, de que o que é de graça, no mínimo nos faz ficar desconfiado de que não vale muito; mas o evangelho, ao contrário, é de graça, exatamente porque vale muito, vale tanto, visto que nada podemos fazer para pagar por ele.

Daí se vê a impossibilidade de alguém vir a Cristo sem primeiramente se humilhar, quebrantar o coração, colocar a boca no pó, entender que é um verme diante da santidade augusta de Deus e que precisa desesperadamente dEle. Foi assim o caminho de todos os homens que provaram a salvação: quebrantamento, convicção de pecado e de miséria. Porque quando conheceram a verdade da salvação entenderam que não eram nada e necessitavam da misericórdia de Deus.

Usamos este texto do VT porque há muita dificuldade na igreja de hoje de se pregar sobre o textos do VT como se fosse um peso histórico sobre as costas da Igreja e que ela precisa carregar. O VT, assim como o NT, é permeado de graça. Depois da queda, ninguém foi salvo por obediência à Lei, mas pela graça de Deus. Dessa forma, se percebe que no VT, também a graça é evidente, tanto é que aqui no VT, neste texto, está sendo exposta uma doutrina que vai ser refletida por Paulo e pelo próprio Senhor Jesus Cristo.

Neste texto de Isaías já podemos ter a compreensão desta obra eficaz de Cristo. No versículo anterior, (v. 15) podemos ler: “Sim, a verdade sumiu, e quem se desvia do mal é tratado como presa. O SENHOR viu isso e desaprovou o não haver justiça. Viu que não havia ajudador algum e maravilhou-se de que não houvesse um intercessor (v.16)”. Por que será que Deus se maravilhou de não haver um intercessor? Quem será a figura deste intercessor? Por acaso não haveria alguém que tivesse piedade, em Israel, que orasse a Deus, que buscasse a Deus; ninguém que fosse um intercessor? Por que Deus afirma que não havia um só intercessor? Porque nos termos da intercessão a que Ele se referia e exigia, somente alguém especial e que fosse perfeito poderia exercer e executar esta função.

Em Isaías 53.6 lemos:
Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos”.

Sem dúvida vemos aqui um texto que está se referindo a Cristo: “Andávamos desgarrados como ovelhas;... mas O Senhor fez cair sobre ele...”. “Ele” quem? Jesus Cristo! A iniquidade de quem? De todos nós! O que isto tem a ver com intercessão? Em português não podemos ter a noção correta. A palavra “intercessor” em Is 59:16, tem a mesma raiz da palavra usada aqui para a expressão “fez cair” (Is 53:6). Na verdade é a mesma palavra. A iniquidade de todos nós caiu sobre Ele; Deus “fez cair”, fez convergir sobre Jesus. A palavra “intercessão” é a mesma palavra para a expressão “fez cair sobre ele”. Por que Ele não encontrou intercessor? Temos que ir para Is. 53:12 – “...contudo levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu”.

Em Is. 59:16-17, percebemos que o intercessor só poderia ser alguém que fosse perfeito e que levasse sobre si a culpa dos transgressores. Que relação existe entre o “fazer cair”e a “intercessão”? Por que Deus, mesmo inspirando a Isaías, não o fez escrever a palavra “intercessão” no v. 6 e não o fez escrever a expressão “fazer cair” no v. 12?

É simples. O próprio Jesus nos explica em João, quando faz a oração sacerdotal (cap. 17). “É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus” (João 17:9). Eu rogo por aqueles por quem realizei a expiação: Os que Tu me deste! Agora fica claro o porque a intercessão é uma obra posterior à própria expiação. O único que poderia interceder por nós era aquele que tivesse as condições de “levar sobre si” a nossa iniqüidade. O intercessor que não tivesse esta condição de levar sobre si nosso pecado, não seria um intercessor aceitável por Deus. “...maravilhou-se de que não houvesse um intercessor...”. Por isso, no v. 6 de Is 53 lemos: “...o Senhor fez cair sobre ele...”. Todas as iniqüidades foram lançadas sobre Cristo e depois que tudo veio sobre Ele, então intercede por todos os transgressores eleitos. Foi pelos eleitos, tanto é que Jesus afirma na sua oração que não roga pelo mundo mas por aqueles que o Pai lhe dera (Jo 17:9). Ele intercede por aqueles pelos quais morreu.

Por isso é impossível haver salvação fora de Cristo. Porque, para que o homem se apresente diante de Deus ele terá de ser representado, de ter um representante. Muitas vezes negamos a Cristo e queremos ser nossos próprios representantes; nós mesmos nos representamos dizendo: as minhas obras podem me trazer salvação. Mas se nos achegarmos diante de Deus com o que fazemos, seremos destruídos, porque Ele é justiça santa.

Ao entender isso, podemos mostrar o “lado negativo” no que diz respeito à impotência humana e a aplicabilidade desta verdade à vida do homem pecador.

Se olharmos para Is. 59 percebemos que os versículos 16-17 praticamente estão concluindo o capítulo. Este capítulo é excelente para se expor porque é um texto progressivo, onde as idéias são progressivas; vemos que as idéias vão surgindo no texto com naturalidade. Por isso começamos quase pelo fim, porque agora podemos mostrar a perfeição da obra de Cristo e a impossibilidade das nossas próprias obras nos salvarem. Assim entenderemos porque só Ele é SUFICIENTE para a nossa salvação.

Primeiramente, no início do capítulo, Isaías diz que o pecado traz separação entre os homens e Deus (v. 2). Muitos acham que pessoas que estão doentes ou com problemas, têm tudo isso como um sinal de que Deus as desamparou, ou que estão em pecado ou coisas dessa natureza. A Bíblia nunca diz isso, pelo contrário, se lermos Romanos 8, veremos o oposto disso, quando o apóstolo Paulo diz que: “Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 8:38-39). Essas coisas não nos separam de Deus, mas o pecado sim. Este nos separa de Deus.

Mas que pecado é este? É verdade que todo pecado nos separa de Deus, em certo sentido, mas o pecado ao qual nos referimos aqui é o pecado daqueles que ainda não foram justificados por Cristo. Esse pecado com certeza separa o homem de Deus. Ela pode até receber benefícios, bênçãos materiais, sem que tenha compromisso algum com Deus. Não é por receber bênçãos de Deus que o homem é de fato seu servo. Uma coisa é Deus fazer o que o homem precisa, a outra, é o homem fazer o que Deus pede. Só fazem a vontade de Deus aqueles que Lhe pertencem. O fato de pessoas incrédulas receberem benefícios de Deus é explicado pela doutrina reformada da chamada “graça comum” que está estabelecida no mundo. Não só traz bênçãos, mas refreia o mal no mundo. O sol nasce sobre maus e bons, a chuva cai sobre justos e injustos. Não há como negarmos o fato de pessoas que negam a Deus possam ser saudáveis, bem de vida financeiramente, às vezes, mais do que aquelas que Lhe servem. Pois este não é o parâmetro da salvação.

Mas os que foram purificados de todo pecado, estes estão unidos de maneira indissolúvel com Ele. E até os pecados que são cometidos após esta união são perdoados quando confessados a Deus e a volta à alegria da salvação é restabelecida. Essa separação de Deus do homem é causada pelo pecado que causa um abismo. Só que este pecado tornou-se imenso, gigantesco, pelo fato de ser Deus tremendamente santo e nós miseráveis pecadores. O pecado formou um abismo gigantesco de separação, porque Deus é santíssimo e não pode aceitar o pecado, não pode compactuar com aqueles que o praticam. Mas o homem que estava dentro deste abismo tentou algumas formas criativas com o propósito de voltar-se para Deus, buscou trilhar caminhos de volta para Deus e Deus rejeitou. Dessa forma entendemos o porque Isaías diz no cap. 59:16 que Deus “...maravilhou-se de que não houvesse um intercessor...”.

É como se Deus estivesse contemplando os homens como lhe é peculiar, e visse os homens fazendo alguma coisa que achavam poderia ser boa o suficiente para aproximá-los dEle, mas jamais conseguindo.

No versículo 3 e 4 lemos: “Porque as vossas mãos estão contaminadas de sangue, e os vossos dedos, de iniqüidade; os vossos lábios falam mentiras, e a vossa língua profere maldade. Ninguém há que clame pela justiça, ninguém que compareça em juízo pela verdade; confiam no que é nulo e andam falando mentiras; concebem o mal e dão à luz a iniqüidade” (Isaías 59:3-4). As mãos e os dedos estão contaminados. A mão que serve para realizar coisas, para o trabalho, para realização de obras, se estiver contaminada de iniqüidade não pode realizar alguma coisa agradável a Deus. É impureza! Isso mesmo Isaías diz no capítulo 64:6 – “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia”. O texto não diz que são as nossas injustiças, nossos pecados, que são trapo da imundícia mas as nossas obras de justiça. Por que? A resposta está em Isaías 59 quando ele diz que as mãos estão contaminadas pelo pecado e tudo que se fizer com estas mãos, para conseguir salvação, levará, ao contrário, para a condenação. O homem está contaminado.

Voltando para o cap. 59:6, De forma explícita vemos isso nas palavras de Isaías em 59:6 – “As suas teias não se prestam para vestes, os homens não poderão cobrir-se com o que eles fazem, as obras deles são obras de iniqüidade, obra de violência há nas suas mãos”. Eles não podem cobrir-se com o que fazem. É como alguém que deita em uma cama de criança e lhe é dada uma coberta de criança. Ou os pés ficam cobertos mas a cabeça descoberta, ou a cabeça coberta e os pés descobertos. É isto o que o texto está dizendo. O que nós fazemos com nossas mãos não serve para vestir-nos, para cobrir-nos. Quando achamos que somos salvos por nossas obras, estamos deitando em uma cama de criança e nos cobrindo com um lençol de criança – não serve para vestir, “não se prestam para vestes, os homens não poderão cobrir-se com o que eles fazem, as obras deles são obras de iniqüidade”. Não podemos nos cobrir, não podemos nos proteger com nossas obras. É impossível para um homem cobrir-se com aquilo que faz. Esta é a característica de um homem que tenta se salvar com aquilo que faz, com seus esforços próprios, com suas obras de justiça, com sua justiça própria. Este não consegue se cobrir.

A Palavra diz que estas pessoas “Desconhecem o caminho da paz, nem há justiça  nos seus passos; fizeram para si veredas tortuosas; quem andar por elas não conhece a paz. Por isso está longe o juízo e a justiça não nos alcança; esperamos pela luz, e eis que há só trevas; pelo resplendor, mas andamos na escuridão” (59:8-9). Literalmente “veredas tortuosas” significa “caminhos de pedra”; ou seja, um atalho. Os homens tentam fazer atalhos e quem anda por esses atalhos não conhece a paz. Que caminho é esse? Que atalho é esse? O de suas próprias obras. A salvação tornou-se impossível ao homem pelo que ele é ou pelo que ele faz.

Por isso Deus olha e diz: “Não há um intercessor suficiente!” E diz o texto que Ele mesmo, com “seu próprio braço lhe trouxe a salvação e a sua própria justiça o susteve” (v. 16). Foi Deus que com Seu braço forte nos trouxe a salvação e com Sua própria justiça nos susteve. Isso fica claro agora. Por que Deus teve de nos trazer a salvação? Por que o homem não é suficiente em si mesmo, ele precisa da obra do próprio Deus. Trilharam caminhos para si mesmos, mas Deus disse que estes caminhos conduzem à morte. O caminho é o que Deus mesmo traçou.

No v. 17 vemos um verbo muito interessante: “vestir”. “Vestiu-se de justiça”. Este verbo é literalmente a mesma palavra usada no v. 6: “As suas teias não se prestam para vestes...”. Em outras palavras, Deus mesmo teve de se vestir, porque as vestimentas que os homens fazem não servem para vesti-los. Por isso Ele mesmo teve de se vestir para poder trazer a salvação aos homens. Diz a Palavra no v. 17 que Ele “vestiu-se de justiça, como de uma couraça, e pôs o capacete da salvação na cabeça; pôs sobre si a vestidura da vingança, e se cobriu de zelo como de um manto”. Paulo em Efésios 6 quando fala do combate do cristão, está se lembrando deste texto, estava se lembrando da grandeza do próprio Deus que se vestiu com a couraça da justiça, que colocou o capacete da salvação e que tomou sobre si a vestidura da ira de Deus e se cobriu do zelo do Senhor. Paulo estava se referindo à obra do próprio Deus que veio trazer salvação aos homens perdidos e inabilitados para realizar Sua própria salvação.

Agora afirmamos que nós só poderemos ser salvos pela suficiência de Cristo, da Sua obra mais que suficiente. Ninguém encontrará a verdadeira salvação se não encontrar o verdadeiro Salvador: Jesus Cristo vestido de justiça – obra da Sua humilhação. Sobre Ele caiu a justiça de Deus e Ele nos cobriu com Sua justiça e nos tirou da situação vergonhosa de despidos de justiça – obra de humilhação.

Devemos nos apresentar diante de Deus dizendo: “Não tenho nada para te oferecer, tem piedade de mim miserável pecador. Ho, Senhor, Tu que estás vestido de majestade e glória, que és poderoso para resgatar-me das trevas, dá-me Tua salvação”. Despidos de toda vaidade, soberba, presunção e justiça própria, nos apresentaremos a Ele dizendo: “Eu dependo da Tua justiça; quero ser salvo pela Tua justiça, quero ser declarado justo pela Tua justiça”. Assim encontraremos salvação.

Para finalizar temos de ver o v. 21: “Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz o Senhor; o meu Espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua boca, não se apartarão dela, nem de teus filhos, nem da dos filhos de teus filhos, não se apartarão desde agora e para todo o sempre, diz o Senhor”.

Sabe qual é a nossa esperança? Sabe por que podemos nos prender a este texto? Porque ele termina dizendo: “...diz o Senhor”. Se Ele diz, vai acontecer e acontece. Ninguém pode se interpor entre o que Ele diz e o que fará.

Em Isaías 46:11 Ele diz: “Eu o disse, eu também o cumprirei; tomei este propósito, também o executarei”. Eu fiz um plano e o executarei. Podemos nos agarrar a estas verdades sabendo que vamos até o fim, porque aquele que nos deu a salvação a susterá, a manterá. E ao que não O conhece ainda, o caminho é o da súplica, do rogo, do clamor. Ponha o rosto no pó e peça que Deus tenha compaixão e que o Espírito do Senhor possa convencê-lo do seu pecado e fazê-lo vir a Ele suplicando por piedade porque é um perdido pecador.

Faça isso e verá a glória de Deus.
       
Amém!